sábado, 21 de junho de 2008

O Vigilante Insône!

Achei esse texto num arquivo perdido dentro de uma pasta nos confins do computador do meu trabalho. Escrito às 04:45 da madrugada de algum dia obscuro de 2006, quando eu ainda era um vigilante noturno.

"Nunca perdemos tanto tempo com banalidades como nos dias de hoje.Tanto tempo assim que perderíamos outros tantos pensando no que poderíamos ter feito com tanto tempo gasto ,sem que nada de realmente útil fosse feito .
É como estar numa espécie de coma intelecto-artistico-espiritual.
E o que mais me incomoda é estar no leito ao lado do seu. Parece-me patético escrever coisas assim, pois me sinto como a criança doente que sabe que sua mãe tem algo que pode lhe curar ,mas que fica indignado,até mesmo magoado,com o gosto amargo do remédio.Magoa saber que tão querida pessoa possa nos dar tanto dissabor com generosa afetuosidade em estima às nossas melhoras. O mesmo ocorre com a cinta ou as palmadas. Jamais tiveram a intenção de violência,sempre visaram a educação e a correção de caráter.
A grande enfermaria em que nos encontramos parece-me mais real a cada dia,e o chato é que nunca achamos o botão de emergência que chama a enfermeira .As horas mais dificeis dessa "internação" são sempre passadas sozinho.Mas sempre em companhia de nosso arqui-inimigo :o travesseiro. Quem de nós consegue se deitar sobre ele sem que nenhuma assombração venha atormentar logo nos colocamos em posição de pessoas de bem, desfrutando o merecido descanço.
As vezes penso que só dormimos,porque Nosso Ser Supremo (seja ele quem for, ou, qem voce acredita ser) com compaixão de toda a beleza de sua criação, quis dar ao menos um tempo durante a noite (o dia no meu caso) para que o planeta tivesse pelo menos alguns nano-segundos de paz. É divinamente impossível que alguém ou algo nos suporte todas as 24 horas do dia. Divinamente sim,já que humamente temos quase por obrigação de, ao menos, ser condecendentes com outros da mesma espécie.
E temos tão pouco tempo aqui que, é possível que levemos centilhões de anos para que tenhamos uma verdadeira convivência fraterna, já que"fomos feito no mesmo molde", salvo nossas atuais diferenças."

Um comentário:

Ruptured disse...

Muito bom texto cara, começa de forma genial e não deixa muitas brechas para refutação!

E, infelizmente, me identifiquei bastante com a parte do travesseiro, até tento fazer as pazes com ele, mas , sem muito sucesso. De fato, só o ser supremo aparta a nossa briga..